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Nunca na história do sector da produção de azeite se tinha verificado situação semelhante. Uma má colheita resultado de dois anos seguidos de forte seca tem levado quase todos os elos da cadeia de valor a perder dinheiro, de uma forma ou de outra. Tal perda foi complementada pelo aumento do preço de fertilizantes, dos combustíveis, da energia, bem como pelo aumento dos juros nos empréstimos. Esta campanha e o seu enquadramento colocam quase todos os membros da cadeia do sector do azeite numa situação de extrema vulnerabilidade. São apenas os olivais com acesso a estruturas de distribuição de água e podem ser regados que têm conseguido defender-se do ambiente de seca extrema que temos vivido.

A actual situação de mercado de azeite resume-se ao facto de encontrarmos uma reserva de azeite do ano anterior quase a zero e uma perspectiva de colheita neste corrente ano semelhante ou até pior que no ano passado. Isso significa que a oferta (produção mais reservas) para o próximo ano agrícola é claramente inferior à procura potencial. O único mecanismo que regula uma potencial situação de escassez é o preço, e as cotações não vão parar de subir. Esta situação do mercado provoca uma diminuição do consumo, de forma a que este, através do preço, se ajuste à oferta real. Portanto, os aumentos de preços deterioraramo consumo, levando as famílias a um desabastecimento parcial causado pela alta dos preços, e isso não é bom para o futuro do mercado porque habitua os consumidores a escolherem gorduras mais baratas e potencialmente pouco saudáveis.

Além disso a mudança do ciclo atual, que a certa altura chegará, reverterá bruscamente a situação de oferta e preços, provocará efeitos devastadores no setor, pois os custos de produção continuarão altos e o consumo reduzido, em um cenário de excesso de oferta, devido para isso os preços poderão cair violentamente. Isso dependerá do clima, área e produção e com consumo com hábitos de procurar outras gorduras.