Em primeiro lugar, uma das razões é a estabilidade social, económica e política que existe em Espanha e Portugal; e outra razão é estar próximo ou imerso nos mercados de influência habituais. Referimo-nos especialmente à Europa e à Ásia, continentes que exigem pouco mais de 70% dos alimentos do planeta.
Um factor que não devemos esquecer é o preço dos terrenos na Península Ibérica. Por exemplo, nos Estados Unidos, tomando a Califórnia como um estado semelhante à idiossincrasia da Península, o valor médio da terra por hectare varia entre 50 e 60 mil euros para regadio e entre 26 e 35 mil euros para terra seca. Se nos referirmos à Europa, nos Países Baixos as pessoas pagam até 85 mil euros por hectare por terrenos irrigados e de qualidade. Um exemplo semelhante ao que acontece em Itália, que chega aos 65 mil euros, ou em França, onde em casos excepcionais se pagou até 1 milhão de euros por um hectare de vinha na região de Champagne, embora o valor habitual seja de cerca de 55 mil euros em fazendas de alta qualidade; A Irlanda e o Luxemburgo também assumem tendências semelhantes, 60 e 55 mil euros respetivamente.
Numa outra ordem de coisas, Espanha e Portugal, pela idiossincrasia da sua localização, riqueza dos territórios e naturezas climáticas diversas, guardam uma riqueza de modos, formas de cultivo, espécies e variedades (azeitona, amêndoa, pistache, avelã, abacate, frutas vermelhas, nozes, citrinos, vinha, legumes em plástico e ao ar livre, etc.), tanto secos como de regadio, tudo isto faz dela uma área geográfica procurada e desejada.
Outro aspecto de não menor importância é o acesso à água para regadio e o projecto Alqueva do Alentejo Portugal que ajudou a valorizar os terrenos agrícolas, terras que de outra forma teriam uma rentabilidade muito mais baixa.
Portanto, a procura de terras na Península Ibérica não está imersa numa bolha e, além disso, tem uma grande trajectória de crescimento tendo em conta as tendências que ocorrem actualmente noutros países, e a situação estrutural da alimentação e da população no planeta.
Créditos: Marco Borga