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Uma doença mortal e difícil de detectar está a devastar as preciosas oliveiras do sul da Itália há 10 anos. Um esquadrão altamente treinado de cães super farejadores poderia salvá-los, diz a publicação Future Planet numa história divulgada pela BBC.

Numa manhã ensolarada de inverno, o domesticador de cães Mario Fortebraccio inclina-se lentamente em direção a uma fileira de vasos de oliveiras e aponta com a mão. Esperando por esse sinal, Paco, um labrador branco de três anos, corre pela fileira de plantas com a cabeça inclinada, farejando cada vaso pela raiz, o ritmo de sua inspiração ecoa pela estufa. O cachorro está cuidadosamente a procurar por algo que os humanos não conseguem sentir.

“O cão não faz nada se não houver recompensa”, diz Fortebraccio com um sorriso. Depois de alguns segundos, tendo cumprido sua tarefa, Paco voltou ao treinador, levantou a perna para urinar em uma planta próxima, abanou o rabo e reclamou um petisco crocante.

Em Vivai Giuranna, uma extensa estufa comercial com mais de um milhão de plantas em Parabita, na região de Puglia, no sul da Itália, Paco está à procura de Xylella fastidiosa, um tipo de bactéria que tem devastado os olivais do sul da Itália na última década. Paco e alguns outros colegas de quatro patas compõem a equipe altamente treinada de Xylella Detection Dogs.

“Esses cães têm algo único”, diz Angelo Delle Donne, inspetor-chefe de fitossanidade do governo da província de Lecce, que luta contra a Xylella desde que foi descoberta em Puglia em 2013. (Crédito da foto: Agostino Petroni)

A Xylella fastidiosa é uma bactéria que obstrui o xilema (os vasos que transportam água das raízes para as folhas) de árvores e outras plantas lenhosas e lentamente as sufoca até a morte. As cigarrinhas, um inseto comum, espalham a doença: quando picam uma folha infectada, a bactéria passa para a saliva e os insetos transmitem a doença quando se alimentam da próxima planta saudável.

Não há cura conhecida para esta doença e, uma vez infectada, a planta seca lentamente (embora algumas plantas infectadas consigam sobreviver sem apresentar sintomas). Existem várias cepas de Xylella e, juntas, afetam 595 espécies de plantas em todo o mundo na última contagem. No século passado, a Xylella dizimou plantações de laranja no Brasil, vinhedos no sul da Califórnia e pereiras em Taiwan. Então, há 10 anos, a Xylella chegou às oliveiras da Puglia.
Em Portugal há ainda muito poucos casos de doença, que no entanto geram grande preocupação, embora muito pouco em oliveiras e nos casos de olivais que se conhecem atingidos com esta bactéria são sobretudo os olivais antigos. Não sendo científico, a estatística diz que os olivais novos, não se conhecendo nestes casos propagação desta bactéria, parecem ser até agora resistentes.