Tomy Rohde é o agricultor com conta no Twitter mais conhecido na Andaluzia. De Córdoba, narra em primeira mão a situação do sector e a sua situação na sua quinta La Carlota. Ele tem quase 50 mil seguidores na rede do pássaro azul e num dos seus últimos posts explica aos seus seguidores a situação do mercado do azeite. Uma explicação em pouco mais de dois minutos de forma clara.
O olivicultor primeiro pede desculpa porque “trabalhou a noite toda”. Depois pergunta: o que aconteceu com o azeite? “No ano passado sabemos que o preço subiu muito por causa dos golpes de calor que ocorreram e queimaram a flor” explicando a razão de pouca colheita do ano anterior. “Quando acabámos a campanha da apanha da azeitona não chovia. E assim a oliveira não recuperou e o pouco que tivesse recuperado, o calor que veio a seguir queimou novamente a flor”, explica o agricultor. “A tudo isto juntamos os custos muito elevados e temos tido os preços que temos tido”, diz.
Rohde dá um exemplo: “Só na minha campanha gastei menos mil litros de gasóleo mas paguei mais mil euros” explicando que mesmo fazendo um esforço de poupar nalgumas factores de produção, os gastos em euros subiram.
“Este ano o que aconteceu”, questiona. “Como há tão pouco azeite e o preço subiu tanto, todos achamos que o consumo ia cair e que se venderia menos porque o preço estava muito alto”, explica. “Mas o preço continuou a subir, e as pessoas continuaram a comprar azeite mesmo a um preço substancialmente mais caro”, diz o agricultor que mora em Córdoba.
O que está acontecendo? Existe uma coisa chamada “enlace” que é o que no fim de um ano sobrou de azeite antes de começar a apanha da azeitona na campanha seguinte. Quando chega setembro, de setembro a outubro, costuma haver meio milhão de toneladas de azeite que fica na reserva de uma campanha para a outra e permite à Espanha, que produz metade do azeite do mundo, também importa enquanto exporta” ter uma almofada que evita roturas no mercado. Mas este ano não vai haver “enlace”. Não sobra nada e “o pedido mensal do consumidores aos produtores de azeite das cooperativa de lagares e engarrafamento continua grande, e esse pedido é maior do que as disponibilidade de azeite produzido este ano, sem que haja reservas do ano passado”, diz Rohde.
“Aconteceu algo que nunca aconteceu na história e é que não sabemos se vamos chegar a setembro-outubro com qualquer reservas de azeite em Espanha”, explica. “Olha a loucura do que está acontecendo”, conclui.