Com valores equiparáveis aos de 1953, a produção nacional de azeite deverá superar as 120 mil toneladas, tornando-se numa campanha histórica, semelhante à ocorrida há 64 anos.
É assim atingida com três anos de antecedência a meta das 120 mil toneladas que a Casa do Azeite tinha estabelecido para 2020 e a equipa de Herdade de Maria da Guarda não só sente orgulho nesta meta nacional, como tem consciência que colaborou activamente neste esforço de trazer Portugal novamente para a referência dos países produtores de azeite. A partir deste ano, a organização do setor estima que as produções médias nacionais possam chegar às 130/140 mil toneladas por ano com a Herdade de Maria da Guarda a estabilizar nos 2 a 3% da produção de Portugal e o Alentejo como um todo a representar cerca de 75% da produção portuguesa de azeite.
O Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA) considera a actual campanha como “excecional” devido ao rendimento em gordura da azeitona, pois, com a mesma quantidade de azeitonas obteve-se maior quantidade de azeite do que o normal. Resultando numa produção com menor acidez e quase toda classificada como “virgem extra, segundo o SIMA. Para o recorde de produção terão contribuído as condições climatéricas da primavera, que originaram elevada floração e garantiram o vingamento dos frutos, bem como o tempo seco e quente no final do ciclo, que travou a propagação de doenças. Numa década (2006-2016), a produção alentejana triplicou, continuando Trás-os-Montes com a segunda posição.
Portugal deverá ser o nono maior produtor mundial de azeite, com 2,7% da produção, segundo o Conselho Oleícola Internacional (COI). Um dos impactos da boa campanha já se terá traduzido no aumento do rendimento dos produtores. Quanto ao impacto no preço ao consumidor final, a Casa do Azeite admite que “poderá haver alguma correção, mas enquanto os stocks mundiais se encontrarem nos níveis baixos atuais, não é expectável uma descida acentuada dos preços”. Por outro lado, o consumo de azeite em Portugal tem-se mantido estável, nos 7,1 quilos por habitante e por ano, segundo o Instituto Nacional de Estatística, e só surge em décimo lugar do consumo mundial, com uma fatia de 2,4%. Os produtores viram-se, portanto, para a exportação. Mais do que um aumento nas quantidades exportadas, o que tem sido significativo são os valores alcançados nas vendas ao exterior, que têm vindo a crescer de forma consistente, pelo menos, desde 2006, apenas com dois anos de quebra nesse intervalo, para chegar a 2017 com o valor mais alto desse período, de 510,4 milhões de euros, estima do Eurostat.
Portugal foi, em 2017, um dos países com melhor produtividade a nível mundial, a par da Itália, Tunísia e Turquia.