Pós-covid19: setor do azeite
Especialistas menos optimistas
Antonio Luque, Presidente do DCOOP; Inácio Silva, presidente da Deoleo e o consultor estratégico Juan Vilar que também tem acompanhado o desenvolvimento do sector oleícola em Portugal, comentam com pessimismo a situação do setor de azeite na fase de pós-covid19.
A crise do covid19 influenciou todos os setores e o do azeite tem sido um deles. Embora inicialmente, devido ao confinamento “tenha havido um aumento no consumo fruto do efeito da procura acrescida resultante do receio da falha de fornecimento nas cadeias de distribuição, e também um perfil de consumidor mais sofisticado que optou mais por marcas superiores, a verdade é que um dos efeitos da crise é ter um impacto direto negativo no poder de compra e na intenção compra, o que causa queda no consumo “, afirma Juan Vilar.
A isto devemos acrescentar que “um canal muito importante como o Horeca foi fechado e houve desaceleração do comércio internacional”, diz Antonio Luque, presidente do DCOOP. No entanto, em momentos de transformação “sempre se abrem portas para oportunidades e, nestes meses, vimos como centenas de empresas conseguiram reduzir o impacto da situação nos seus negócios, reagindo rapidamente para adaptar os seus serviços a novas necessidades”, acrescenta Inácio Silva, presidente do grupo Deoleo.
A Herdade de Maria da Guarda que apresentou pela primeira vez resultados negativos em 2019 e corrige novamente custos de produção, continua a orçamentar resultados próximos de zero no corrente ano.
Toda essa situação é agravada por aquilo que os especialistas do setor chamam de crise da procura, ou seja “a subida mundial da procura de azeite nos últimos anos levou os produtores de azeitona a continuar a aumentar a produção, a fim de satisfazer o volume necessário e o modelo está agora altamente condicionado pelo excesso de oferta que se gerou “, explica Inácio Silva. Antonio Luque por seu turno acrescenta: “Esse aumento da produção cria problemas ao setor produtor, que é a parte mais fraca da cadeia, mas também existem outras circunstâncias que estão a agravar a situação, como é o caso das tarifas às importações, em tempos excedentes de produção, a falta de vontade de lutar pela qualidade do azeite e ainda um certo cansaço dos olivicultores face às crescentes regulamentações exigentes e uma certa perseguição política ao sector que na agricultura mais tema acrescentado valor, emprego e atraido talentos.