O surgimento da olivicultura em sebe nos últimos anos está a revolucionar o mapa do azeite com um crescimento espetacular. O primeiro grande salto começou no Alentejo no início deste século – a Herdade de Maria da Guarda em Serpa foi a primeira propriedade a fazer a forte reestruturação da cultura de searas de sequeiro para olival em sebe regado, plantando de uma só vez na primeira fase 300 hectares. Este investimento foi executado um ano antes da chegada da água da Edia (Alqueva) à propriedade e utilizando apenas 14 furos que se fizeram na Herdade.
Do lado espanhol as primeiras plantações de olival em sebe vieram a ser no vale do Guadalquivir.
A região portuguesa alentejana, inspirada assim nalguns casos de sucesso e com a água do Alqueva disponível, multiplicou a sua superfície por seis nos últimos 10 anos, e já é conhecida como o Silicon Valley da olivicultura, como afirma o consultor e especialista do sector Juan Vilar. O proprietário da Herdade de Maria da Guarda, João Cortez de Lobão afirma por seu lado que “presenciamos mais modernizações no sector do olival e do lagar nos últimos 20 anos do que nos dois séculos anteriores”.
Enquanto a área de olival tradicional em todo o mundo cresce a uma taxa de 1% ao ano (atualmente são 11,5 milhões de hectares plantados em 64 países ao redor do mundo), o cultivo em sebe é muito mais rápido. Juan Vilar prevê que até 2030 mais de 20% dos olivais serão plantados em sebe, chamados olivais modernos.
A Espanha por seu turno continua a plantar olival em sebe e o lagar Molina del Genil em Écija (Sevilha), que mais azeite produz no mundo – um record de cerca de 25 milhões de quilos de azeite na temporada passada – afirma que quase 40% da colheita já vem do olival de sebe, uma boa parte de Portugal porque no nosso país não há autorização para construção de novas extratoras, entrando este valor nas contas do PIB do país vizinho.