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A produção de azeite em Portugal na próxima campanha – que se inicia no final de Outubro – deverá ser superior às cerca de 120 mil toneladas registadas no ano passado. “É possível que cheguemos às 130 ou 140 mil toneladas”, diz, em entrevista ao Negócios, João Cortez de Lobão, CEO da Herdade Maria da Guarda, em Serpa, e presidente da assembleia geral da Olivum – Associação de Olivicultores do Sul.

Também ao nível dos preços do “ouro liquido” as perspectivas são boas. Cortez de Lobão estima que os preços ficarão “à volta do três euros” por quilo. Um valor positivo para o sector tendo em conta que os produtores portugueses estão “confortáveis” com preços a partir dos 2,5 euros. “Abaixo disso estamos mais apertados”, reconhece, lembrando, no entanto, que “os espanhóis ficariam com muita dificuldade porque o custo de produção deles é muito mais alto que o nosso”, acrescenta.

A beneficiar as exportações nacionais está o mercado italiano, que tem registado quebras na produção, destaca o empresário. “Não há muitos anos, os italianos produziam 400 a 600 mil toneladas de azeite. Este ano têm um problema de geada, têm tido um problema com a `xilella fastidiosa`, a bactéria que dizimou uma série de olivais em Puglia (Apúlia), no Sul de Itália, portanto a pressão deles para comprar no estrangeiro tem sido cada vez maior. E Portugal tem vindo a ganhar quota face a Espanha”, assinala.

Para os próximos anos, João Cortez de Lobão aposta que o mercado com maior crescimento será o norte-americano. “São 350 milhões de consumidores e, atualmente, o consumo per capita é de um quilo de azeite por ano”, argumenta. O gestor refere que tem havido investimento em olivais nos EUA, o que, sublinha, aumenta a procura do azeite e faz também crescer as importações. “E os EUA nunca terão capacidade de localmente satisfazer as necessidades”, frisa.

Mais Difícil será a situação para os produtores que vendem azeite engarrafado. Os dois principais mercados para este produto são o Brasil e Angola, países que atravessam períodos de maiores dificuldades aos embaladores que exportam para lá”, admite o responsável.

Sobre a renegociação da Política Agrícola Comum (PAC), o empresário mostra-se tranquilo. “Não vejo que venha a ter qualquer impacto negativo. Temos uma proteção pelo facto de Espanha ter um preço de produção mais alto que nós. Se houvesse alguma crise, seguramente que os espanhóis se mexiam com muita força para proteger o sector”justifica.

Na PAC, “aquilo que nos podia beneficiar era ajudar no investimento para os novos olivais, que caiu bastante nos últimos três anos. Por acaso coincide com o novo Governo”, aponta. “Houve uma contenção do Estado em ajudar os olivicultores nos novos investimentos. Os investimentos continuaram a ser feitos por quem tinha capital próprio ou capacidade de arriscar, mas sem o apoio ao investimento é difícil andar mais depressa”, diz. Para João Cortez de Lobão, “há uma geração de gente nova e mesmo de gente mais antiga com uma capacidade brutal de inovar e de se apaixonar pela agricultura.

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