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Quando João Cortez de Lobão assumiu as rédeas da Herdade Maria da Guarda (HMG), em 2006, a propriedade tinha 400 hectares e dois trabalhadores. A produção era de 500 quilos de azeitona por ano, tudo de sequeiro. Com um forte investimento, criou uma estrutura de rega, mecanizou a exploração e foi, ao longo dos anos, adquirindo terras contíguas.

Agora, a HMG possui 750 hectares, um lagar e emprega cerca de 40 trabalhadores. Na campanha de 2017/2018, a produção ascendeu a 2,1 toneladas de azeite de qualidade superior, que é escoado na totalidade para o mercado externo, em particular Itália.

O empresário reconhece que a transição que fez do sector da banca para a agricultura foi difícil. “A linguagem é completamente diferente. A introdução de inovações e novos procedimentos – criar turnos de trabalho, fazer gestão por objetivos, fazer reuniões de equipa – tudo isso é complicado”, relata.

Fundamental para este percurso de sucesso foi também o Alqueva.”Quando arrancámos ainda não havia barragem. Fizemos os primeiros quase 100 hectares sem água do Alqueva”, conta. “fizemos 14 furos e duas barragens, mas chegámos ao fim do Verão e só dois ou três é que ainda funcionavam alguma coisa. Tínhamos de gerir com muitíssimo rigor todas as gotas de água na propriedade”, explica.

“Mas é evidente que para passarmos dos 100 para os 200 hectares e daí até ais 750 tivemos de ter a ´torneira´do Alqueva disponível para poder continuar a investir. Senão, não conseguíamos ser eficientes”, assinala.

No ano passado, a HMG –que tem o lagar e a sociedade agrícola – produziu cerca de 2% do azeite em Portugal, gerando uma faturação “em torno dos 10 milhões de euros”, indica Cortez de Lobão.

Sobre a opção de apenas vender a granel, o empresário refere que “gostava muito de ter uma marca, mas é um mercado muito competitivo.

“ Nós temos um competidor internacional fortíssimo em termos de marca: os italianos. A perceção no mundo é de que o azeite de qualidade é italiano. Não é verdade, mas é a perceção que o mundo tem. Portanto isso é um trabalho que temos de fazer…mas demora 10, 20 ou 30 anos”, defende. A empresa ainda tentou, durante dois anos, apostar numa marca própria – a Lagaretta – mas as margens não eram sustentáveis.

Este ano assinou, pela primeira vez, um contrato de azeite a futuros com produtores italianos. “Foram ele que nos visitaram um bocadinho aflitos porque tiveram geadas grandes que estragaram a sua produção. Antes que pudessem ficar ´curtos´de azeite para poderem embalar vieram-nos visitar e fecharam a compra de mais de 100 toneladas connosco”, conta.

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