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Os problemas dos Olivais e do azeite em tempos de crise

A pandemia causada pelo COVID-19 destacou a fragilidade de muitas empresas, organizações, propriedades agrícolas profissionais e outros agentes do setor do azeite, expostos a uma situação avassaladora de vulnerabilidade devido à falta de adaptação ao meio ambiente.

O cultivo da azeitona, como outras atividades, foi afetado pela tensão causada entre a combinação por um lado da globalização e por outro a evolução.

O escritor e poeta francês Georges Duhamel (1884-1996) costumava dizer que “o Mediterrâneo termina onde a oliveira pára de crescer”. Hoje, o cultivo da azeitona estende-se por 67 países nos cinco continentes. Estamos a referirmo-nos a um setor em constante procura do equilíbrio entre oferta e procura, cuja inércia e dinâmica modificaram recursos, processos, conhecimentos, políticas, estratégias e modelos de gestão e exploração, incluindo os seus pólos de influência geográfica. Em apenas duas décadas, o olival moderno passou a representar 40% do azeite produzido no mundo e em especial na Bacia do Mediterrâneo. Durante milénios a Bacia Mediterranica  foi o único consumidor de azeite. Entretanto com os olivais modernos evoluiu, baixou o preço de produção, tornou-se num mercado maduro, e esta região do globo já representa menos de 80% do consumo global- mais de 20% do consumo mundial do azeite está fora da Bacia Mediterranica. O crescente aumento de plantação de Olivais  modernos, absolutamente desproporcionados se atendermos à evolução da procura, causou uma crise marcada por baixos preços na produção que se manifesta no facto de que mais de três quartos das empresas internacionais de olivicultura vão sofrer prejuízos. Os novos Olivais modernos vieram criar mais emprego especializado, baixar o custo de produção para que o azeite chegue a outros mercados a preço competitivo mas criou um problema nos Olivais antigos com custos de produção mais elevados e assente em mão de obra barata, com dificuldade de viver no futuro.